Pele preta na tela e no som

by - junho 09, 2020

Clipes de artistas negros que falam sobre suas realidades para assistir e refletir


| Elza Soares imponente na nova versão de clipe para 'A Carne' | Imagem: Conspiração Filmes |

Não dá pra ficar calado, precisamos continuar gritando contra o racismo e qualquer injustiça social. Trago uma lista de clipes de artistas negros que refletem suas realidades através da música e são mais que necessários nesse momento que estamos vivendo.

Abro com uma indicação quase óbvia pela sua representatividade para a cena musical brasileira e sigo com outros artistas nacionais e internacionais. São músicas que eu escuto, que me movem e que você já deve até conhecer algumas. Mas, convido todas e todos à escutar novamente, dessa vez com um olhar para o que o mundo está passando na contínua luta para reafirmar que #VidasNegrasImportam.

Elza Soares - “A Carne”

“Segurando esse país no braço”, o negro continua correspondendo a realidade dessa música que já tem mais de 15 anos e infelizmente ainda faz tanto sentido. Um clássico. Não só por ser Elza, não só por essa voz emocionar muito, mas porque a mulher negra carrega as dores que nossa sociedade impõe tanto ao feminino, quanto a raça. Esse clipe é uma obra prima e precisa ser assistido por todos. 



Em comemoração aos 15 anos do álbum, em 2017,  foi lançada uma nova versão de clipe para a canção. Gravado pela Conspiração Filmes, ele pode ser assistido aqui.

Larissa Luz - "Bonecas Pretas"

A cantora baiana anuncia nesse clipe que “procuram-se bonecas pretas” e traz uma grande questão da nossa mídia voltada ao público infantil, há pouca representatividade positiva de meninas e meninos negros. Isso acaba refletindo muito na autoestima das crianças pretas, que ainda não entendem o quanto essa sociedade é cruel. Eu sou fã da artista e indico que você não pare nesse clipe, assista tudo.



Caio - “Sente o Tambor”

“O grave da batida” de Caio vai te dominar nesse clipe. A música é muito dançante, realmente não dá para ficar parado. O artista traz muitas referências dos povos originários do Brasil e joga na tela nossa ancestralidade. Descobri Caio aleatoriamente nas madrugadas pelo Youtube. Fica aí uma boa dica para você escutar mais. Ele traz um som pop com muita coisa para se pensar ao mesmo tempo que dança na pista.



WD- Eu Sou

"Logo cedo definido pela voz e a sua cor", quais as cicatrizes marcam a pele de um gay negro? Conheci o trabalho desse artista recentemente, no meio dessa revolução que estamos acompanhando no mundo e na mídia, e chorei assistindo repetidamente esse clipe. A letra dá um nó na garganta, mas também traz um sentimento de esperança lá no fim "escuro" do túnel. Vamos todas e todos dar stream para a mana? Compartilhem o clipe!



Beyoncé - “Formation”

“Você mistura esse negro com aquela crioula e faz uma garota rebelde”. Eu não consigo ser nada imparcial ao falar da Beyoncé. Sempre me questionaram que eu não parecia ser “beyhive” (expressão que domina os seus fãs) porque eu não tinha a personalidade da turma, porém nunca se perguntaram que para minha geração ela era a representação da diva pop negra. ‘Formation’ e todo o álbum ‘Lemonade’ coroa a sua importância para discutir o racismo, além de ser um de seus melhores clipes. Há muitas referências nas imagens e também em sons “sampleados”, além de ser ótima pro close das manas pretas na boate, todas juntas tentando acertar os passos da Queen B (saudades, inclusive).  



Childish Gambino - “This Is America”

"Você é só um negro neste mundo / Dirigindo para ricos". Falando em clipe cheio de referências, não podemos deixar ‘This Is America” de fora. Encerramos essa lista com um clipe que já tem mais de 678 milhões de visualizações no Youtube e chamou tanta atenção em seu lançamento, em 2018, por ser quase um enigma com muitas mensagem para se decifrar. É um clipe que precisa ser assistido várias vezes para acompanhar tanto acontecimento.



Mc Linn da Quebrada - “Bixa Preta”

“A minha pele preta, é meu manto de coragem”. Esse não é um clipe, mas eu não poderia deixar esse grito de Linn ficar de fora dessa lista. Um som que escancara a situação da gay afeminada de pele preta que cresce nas favelas deste país e, até que enfim, vem ganhando voz, muito por conta desses artistas que usam a democratização da internet para falar de suas feridas. Esse trabalho é de 2016, mas há muita coisa de Linn para consumir em seu canal.


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