'Carranca', segunda parte do disco EUTRÓPICA, de Andrezza Santos está disponível

by - agosto 27, 2021

 Com coprodução de Josyara, EP explora estilos como o samba de coco e a ciranda

| Andrezza Santos | Foto: Agência BS |

Carranca é o amuleto de boa sorte e proteção típico dos barcos que navegam o Rio São Francisco e, dada a força do símbolo na cultura local, Andrezza Santos escolheu para o título da segunda parte de seu novo álbum este nome que diz muito sobre a vivência baiana e pernambucana, os mitos, os rituais e crenças.

Em “Carranca”, conjunto de quatro faixas que a cantora apresenta agora, a vida no interior é o tema central, a cidade de Juazeiro como cenário, banhada pelo Velho Chico, com seu “tempo dilatado”, diferente da capital São Paulo, onde nasceu Andrezza e para quem ela dedicou a primeira parte de EUTRÓPICA, “Sapopemba”, que simulava a toada caótica das grandes cidades. 

“Carranca” é o oposto. O clima relaxante é influenciado pelas paisagens do Vale do São Francisco e trazem um colorido extra que inspira as harmonias abertas, coros cheios e timbres mais brilhantes na guitarra, que é “pra dar um calor” no trabalho. 

Já na abertura, “Eu vou, você vem?”, Andrezza convida Josyara, juazeirense renomada, para dividir uma neo psicodelia com o samba de coco. O convite à Josyara se estende também para a coprodução musical de “Carranca”, feita de maneira online e um verdadeiro exercício de criatividade para ambas. 

Josyara comenta que foi um processo muito diferente para ela, que compôs a partir do fluxo de ideias de uma outra pessoa: “Acho que conseguimos, a partir de um lugar de que não nos conhecíamos, não tínhamos intimidade, nos aprofundar nas nossas vivências, que são parecidas. Fiquei muito contente e surpresa com o pouco tempo que tivemos para desenvolver algo que fale sobre a gente e que, musicalmente, na questão de arranjo, passasse essa ideia de um lugar que é esse ponto de encontro, o Rio São Francisco, o ponto de saída e o ponto de chegada, lugar de contemplação, lugar de onde se navega para todos os cantos. Eu que saí de Juazeiro e agora moro em São Paulo, e Andrezza, que fez o caminho inverso, saiu do Sudeste para Juazeiro, foi interessante que a gente conseguiu falar de um movimento tão importante para nossas vidas, que revolucionou em vários âmbitos nossas carreiras, e traduzir isso em canções”.

A partir do ponto de vista de Andrezza, a parceria vem para abrilhantar seu trabalho e reforçar Juazeiro como pólo musical, de onde já emergiram nomes como João Gilberto, Ivete Sangalo e Luiz Galvão (Novos Baianos). “Desde meu primeiro encontro com o trabalho de Josyara, quando estávamos na mesma line-up do festival Umbuzada Sonora (2017/Juazeiro), fiquei impressionada com a grandeza daquela mulher que ocupou o palco apenas com voz e violão, aquilo me inspirou e acompanho de perto tudo que ela faz desde então. Em uma conversa com o produtor Geraldo Júnior, percebi que temos histórias que se entrelaçam, apesar de serem inversas. Ela foi buscar minha terra natal, São Paulo, e eu, a dela. É por isso que cantamos nesta música: ‘O ponto de partida é o ponto de chegada’; é este o ponto que nos conecta. Minha intenção com EUTRÓPICA é justamente este! CONECTAR. Conectar profissionais de estados diferentes, conectar histórias e conectar experiências. Tê-la como parceira de composição foi muito produtivo, foram dias de trabalho de muita leveza, ideias, sons e escuta. Logo, fico muito feliz e agradecida por toda a generosidade da parte dela e também a de Iago Guimarães (produtor musical), que, através da tecnologia, tornou viável esta troca”.

Nas faixas seguintes, “Carranca” tem desde flertes com o xote em “O Aquário e O Caranguejo”, uma balada romântica-surrealista que ganha volume com várias camadas vocais, até a lullaby “Revoada” (canção exclusiva do espetáculo “Revoada”, do coletivo de bailarinos TRIPPÉ, da região do Vale). Em “Ciranda Feminina”, como já entrega o título, deixa aflorar a grande influência da música pernambucana, combinando a rítmica da ciranda com sequenciadores, guitarra, arranjo de metais e uma levada de axé music. 

Com “Carranca”, EUTRÓPICA vai ganhando forma e mostrando seus desdobramentos: o movimento urbano que se torna calma interiorana que deságua no mar, tema da próxima e última parte do disco. 

O projeto EUTRÓPICA tem apoio financeiro do Estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia), via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.

[T] Mariângela Carvalho / ASCOM


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