“As Poetas Reprimidas”: cordel impulsiona vozes femininas na literatura popular

by - outubro 14, 2025

Publicação foi lançada neste domingo (12) na Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, em Recife

| Foto: arquivo pessoal |

por Eduarda Silva

O cordel “As Poetas Reprimidas” é resultado de um trabalho colaborativo e à distância entre as autoras Graciele Castro e Graziela Barduco. O projeto discute a presença das mulheres na literatura popular, o silenciamento histórico e as transformações sociais impulsionadas pela escrita.

O cordel é inspirado na escrita e trajetória de Cecília Meireles, que se destacou na literatura brasileira por abordar temas como a liberdade e a condição feminina. Assim como Meireles, as autoras buscam registrar as experiências, o cotidiano e as barreiras enfrentadas pelas mulheres, especialmente no campo literário.

De acordo com Graciele, o título do cordel dialoga com experiências pessoais e coletivas de silenciamento. “A gente quis falar de uma repressão que não é só pessoal, mas histórica. A mulher sempre foi colocada como musa, como tema, mas nem sempre como autora. Então, As Poetas Reprimidas vem pra afirmar essa voz que escreve, que questiona e que ocupa seu espaço na literatura”.

O título reflete a escolha simbólica das autoras de usar o termo “poeta” em vez de “poetisa”. Essa decisão visa reafirmar a igualdade de reconhecimento entre homens e mulheres que produzem poesia, pois, para elas, a nomenclatura “poetisa” carrega uma separação que reforça a desigualdade no ambiente literário.

| Foto: arquivo pessoal |

Para as autoras, o lançamento na Bienal Internacional do Livro, realizado neste domingo (12) tem uma motivação. “Pernambuco é o berço, tanto da minha pesquisa, como da Grace também, e que lançar o cordel aqui, nesse contexto que tem tanto significado para a gente, seria perfeito”, afirma Graziela Barduco. 

Um elemento central da obra é a personagem Ventania, construída como símbolo da força coletiva feminina e da resistência contra as formas de repressão. Ventania representa o movimento de ruptura com as estruturas de silêncio que limitaram a presença das mulheres no cordel por muito tempo.

A publicação é da Editora Cordelaria Castro, selo criado por Graciele Castro e Kelmara Castro. A edição conta com xilogravuras de Kelmara Castro, co-fundadora da Casa do Cordel Mulheres Cordelistas, em Petrolina. As imagens integram o projeto gráfico e dialogam com o conteúdo da obra, reforçando a conexão entre artes visuais e literatura popular.

A Cordelaria Castro é a única editora de cordel do Vale do São Francisco e será a única editora de cordel de Petrolina a estar na Bienal Internacional do Livro, em Recife.

You May Also Like

0 comentários