2025 teve teatro na comunidade feito pela comunidade: projeto circulou por escolas da periferia de Juazeiro

by - dezembro 24, 2025

Circuito de Arte Suburbana circulou por bairros do entorno do Quidé com apresentações itinerantes

| Foto: arquivo pessoal |

por Eduarda Silva

Entre setembro e novembro, escolas localizadas em bairros periféricos de Juazeiro (BA) receberam apresentações teatrais que não partiram de grupos culturais centralizados. O I Circuito de Arte Suburbana circulou por unidades de ensino do bairro Quidé e regiões próximas com um espetáculo produzido por estudantes do Colégio Estadual Professor Arthur Oliveira, a partir das atividades de um grupo de teatro formado no contraturno escolar.

A iniciativa surgiu no contexto do programa Educa Mais Bahia, mas ganhou outro alcance ao ser pensada para além do espaço da escola. “Eu fiquei me pensando por que não tornar isso público também, no sentido de sair do ambiente escolar”, afirma o educador e artista Rafael Neres, idealizador do projeto e morador do bairro Quidé.

O circuito teve como eixo o espetáculo “Rede Sem Peixe”, voltado para o público infantil e centrado em questões ambientais relacionadas ao Rio São Francisco. A montagem utiliza elementos do teatro de bonecos e da literatura de cordel como recursos narrativos e foi construída de forma colaborativa, com dramaturgia e direção assinadas por Neres e elenco formado por estudantes da própria escola.

As apresentações foram de forma itinerante em cinco escolas municipais localizadas nos bairros Quidé, Palmares I, Palmares II, Quidézinho e Pedra do Lorde. Todas as sessões foram realizadas dentro das próprias unidades de ensino, reforçando a proposta de levar o teatro aos territórios onde vivem as crianças e jovens atendidos pelo projeto.

A decisão de circular pelo bairro está ligada à trajetória do idealizador e à relação direta com o território. “Eu queria trazer isso de volta para a comunidade, fazer com que a comunidade fosse movimentada com arte e cultura e fazer com que os alunos fossem reconhecidos dentro do seu próprio espaço”, diz Rafael.

| Foto: divulgação |


Além das apresentações, o circuito estabeleceu parcerias com as escolas para a arrecadação de alimentos, que posteriormente foram distribuídos à comunidade em forma de cestas básicas. A ação integrou a circulação artística a uma dinâmica de mobilização local, articulada com os próprios espaços onde o projeto foi realizado.

Ao levar o teatro para dentro das escolas da periferia, o I Circuito de Arte Suburbana ampliou o acesso à linguagem teatral e deslocou o eixo de circulação cultural da cidade. “Muitas crianças tiveram contato com o teatro pela primeira vez. A gente pensou: por que não ir até eles e ocupar o espaço que já é deles?”, completa Rafael Neres.



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