Boneca Zabelê é símbolo de resistência na Aldeia Tibá do povo Pataxó

by - abril 19, 2025

 Neste sábado, 19 de abril, o Brasil celebra o Dia dos Povos Indígenas

| Sussuarana Pataxó com uma de suas bonecas produzidas na Aldeia Tibá | Foto: Adriano Alves |

O extremo sul da Bahia é um forte pólo turístico do estado, com praias de águas verdes e calmas. Na mesma terra em que a chegada histórica dos portugueses às suas praias é atrativo, habitam ainda os povos originários que já estavam por lá antes do que conhecemos como o “descobrimento do Brasil”. Eles sobrevivem às ameaças corriqueiras contra seu território, já muito vindas por parte dos fazendeiros, agora agravada pelos empreendimentos turísticos e ruralistas.

Na Aldeia Tibá, localizada em Prado (BA), no Parque Nacional do Descobrimento, a inspiração vem da história de Zabelê, matriarca Pataxó que sobreviveu ao massacre do seu povo conhecido como "Fogo de 51". Seus descendentes resistem em sua terra e sua imagem está eternizada em arte, tanto em um graffiti no centro da oca, como nos artesanatos que ela ensinou a produzir.

| Artesanatos de Sussuarana Pataxó | Foto: Adriano Alves |

Logo na frente da aldeia, a barraca de dona Sussuarana Pataxó, 67, exibe muito talento. A artesã, de olhar afetuoso e semblante carinhoso, é filha de Zabelê e aprendeu com ela o labor de cada peça. “Quando eu era criança, ela que fazia a roupa da gente. Eu ficava olhando e começava a fazer roupinhas de boneca. Depois que ela faleceu, eu continuei fazendo”, conta.

Uma boneca de tecido chama atenção. Ela traz as características das mulheres da comunidade, cabelos negros trançados, saia de palha e pintura corporal. É uma evidente homenagem à matriarca que virou símbolo de resistência do seu povo. “Enquanto eu for viva, estou fazendo minhas bonequinhas”, afirma Sussuarana.

Na aldeia também é possível comprar outros artesanatos, como colares, brincos e maracás. O contato pode ser feito através do telefone (73) 9.9803-5280 ou pelas redes sociais (www.instagram.com/aldeia_tiba/).
 
O artesanato indígena é resistência e também meio de renda para os povos originários que até hoje resistem cuidando das nossas florestas. “Eu digo que isso é uma herança que ela deixou. É onde eu também consigo os meus trocados”, conclui a artesã.

| Graffiti em homenagem a Zabelê Pataxó no centro da oca da Aldeia Tibá | Foto: Adriano Alves |



[T] Adriano Alves 
(escrito em 2025 com memórias de viagem feita em abril de 2024 pela TVE Bahia)

You May Also Like

0 comentários