Um rebolativo consciente, novo EP de DJ Werson escancara a vida na quarentena

by - outubro 16, 2020

 O artista da música disponibilizou na internet seu novo EP

| DJ Werson em seu isolamento social | Foto: arquivo pessoal |

"Só lamento, mas estou mantendo isolamento", essa música define muito do que as pessoas viveram nos últimos meses, sem poder sair e encontrar sua turma para uma boa festa. Mas, alguns estão conseguindo se manter conscientes e se reinventando para dançar em casa. Agora, já há trilha sonora certa para os encontrinhos virtuais, o EP 'Novo Normal' de DJ Werson é a tradução de tudo que estamos passando.

Sempre com uma batida muito envolvente, mas conseguindo tocar em assuntos não tão fáceis, DJ Werson consegue um trabalho que quebra o estigma da música dançante sem conteúdo e avisa em uma das letras que "ideia errada não desce". O EP está disponível em diversas plataformas digitais, como no Spotify, Youtube, Dezzer, Apple Music, Google Play e outros.

Conversamos com o artista da música para saber mais sobre esse trabalho. Confira a entrevista abaixo:

Me conta primeiro sobre o processo de criação desse EP. Quais situações de atravessaram nessa quarentena que te fez criar essas músicas?

É um álbum produzido de forma totalmente independe, usando apenas o meu notebook, um microfone e um fone com boa qualidade. É fruto de pouco mais de seis meses de isolamento, em casa, durante uma pandemia global altamente politizada em qualquer âmbito que você queira pensar e que já matou mais de um milhão de pessoas.

Sair não é bom, encontrar quem você gosta não é seguro, juntar pessoas não é recomendável, por conta disso as perspectivas de trabalho reduzem quase a zero e o futuro se torna cada vez mais incerto mergulhado em teorias conspiratórias. Ao mesmo tempo, se tem pessoas poderosas e mega estruturas comunicacionais focadas em afirmar que é tudo mentira.

É um caos passando no nosso feed todo dia. Tudo que acontece atravessa a gente, de uma forma ou de outra, pois vivemos nesse novo mundo ultra conectado, mas que ao mesmo tempo nos isola na nossa própria visão. E isso gera muita discussão.

Se você não vivencia os fatos, uma hora ou outra ele vai passar nas suas redes, quer seja em forma de meme no facebook, notícia na TV, num vídeo com uma "revelação inimaginável" que o youtube te recomenda ou um boato disfarçado de depoimento noticioso no Whatssap da família.

É muito doido, e muito frustrante, tentar digerir tudo isso. Ver a gente sucumbindo a isso. Esse álbum é um pouco uma terapia, pra lidar com essas situações e percepções e botar elas pra fora.

Essa é a primeira vez que você usa seus vocais na produção? Como foi a experiência?

Assim... Já tive outras experiências. Com o grupo P1 Rappers, por exemplo, botei voz em algumas músicas e compus-cantei uma que falava sobre infância e tal. No projeto Made In Quebrada, fazia back vocal. No meu trabalho autoral, enquanto DJ Werson, tem uma ou duas faixas em que gravei apenas uma ou duas palavras (rs), sempre fui mais focado na parte instrumental da música. Mas, é a primeira vez que me ouso a escrever, cantar e produzir num álbum meu. Trazendo um tema, de forma leve, mas reflexivo também, sem deixar de ser dançante.

A experiência em si não é novidade pra mim, o que vai ser novidade é o nível de exposição do que eu penso, agora refletida diretamente na minha obra. Isso dá uma carga diferente, né? Mas, sempre foi um objetivo. Trazer ideias "construtivamente rebolativas" (rs).

Você tem realizado muitas lives e outras formas de fazer seu som online. Como tem sido esse processo de adaptação?

Então, é um processo complicado no qual eu ainda não me encontrei. Se minha sustentabilidade dependesse só disso, eu estaria muito mais prejudicado, porque o baque foi grande. A fonte de renda nesse processo de isolamento ainda é mais de outras atividades, a questão do auxílio emergencial e tal.

Mas, por outro lado, tem começado a me apresentar para outros públicos, em espaços novos que estão cada vez mais se organizando pra virar mercado. Faz parte desse "Novo normal", né? Essa pandemia não vai acabar de uma hora para a outra, e nem vai ser a última, é só tirar um minuto pra observar como tratamos nosso planeta e como temos nos tratado socialmente.



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